Buscando horas


Sentir o vazio é como sentir o gosto da boca seca, da língua morta.
Carregar o peito cheio de solidão pesa tanto que tombo à vida.
E fico parada, esperando a chuva passar, esperando o arco-íris
Que todos dizem que vai chegar, esperando sempre o amanhã.

Quantas vezes desejei dias mais longos? Brincar nas ruas, voar nos céus?
Como uma criança, eterna inocência, a sentir o tempo como um bombom.
Hoje descarrego os ponteiros do relógio, infeliz necessidade do homem,
Desfilando letras no papel, mergulhada nas gavetas das lembranças
Buscando ponteiros, horas, jornais, memórias.

O tempo e o vazio, dois companheiros permanentes nestes minutos da minha vida
Um alimenta o outro e eu, como refém, busco nos sonhos das noites frias
A vida quente de outros dias.

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