Poeta de surto


Como um bichinho entocado
Meus versos vivem por detrás
Das cascas da minha mão,
Nas cavernas da minha mente,
Nas grutas do meu coração.

Precisa sim, que pare o tempo,
O movimento, sem sons de vida,
De outras pessoas.
Sem atenção de outras vozes,
Sem as batidas de uma paixão.

Precisa sim, de solidão,
De clausura e escuridão.
Para, então, eles saírem, desconfiados.
Desarrumados, sem nem saber
No chão do papel pisar.

Ninguém lhes apresentou a
Trena métrica das poesias.
Nunca descobriu o que é rima,
Verso, poema, sextihas.
Nenhuma escola lhes ensinou.

Só sabem que vão sair,
Assim mesmo como são.
Brutos, crus, mal mastigados
Até meio atravessados
Desengasgando o abecedário da minha voz.

E eu, poeta de surto, deixo-os soltos por aí
No matagal das minhas memórias.
De vez em quando os encontrando
Como quem acha assim, distraída,
Mais um pé de fruta no meu quintal.

Foto: Pré Núcleo Inmaculada Concepción - Madrid


Comentários

Evanir Morais disse…
"Precisa sim, de solidão,
De clausura e escuridão.
... E eu, poeta de surto, deixo-os soltos por aí
No matagal das minhas memórias.
De vez em quando os encontrando
Como quem acha assim, distraída,
Mais um pé de fruta no meu quintal." amiga que virou poeta! lindo! lindo!
socorro moreira disse…
Selma,

Segui o endereço , e achei teus versos .
Poesia nasce no olhar ,acontece no coração, mas precisa voar , e passear , no universo das sensibilidades !
Que a tua poesia seja solta, e nos encontre sempre!

Adorei tudo que li .
Quero mais ... sempre !

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